Não pode ser sempre só pesca. O material também precisa de atenção e manutenção.
Quem pesca neste tipo de barco, seja ele semi-rígido ou insuflável (pneumático) sabe que mais cedo ou mais tarde, por muito cuidado que se tenha, há sempre um espinho ou um anzol pronto a furar um flutuador.
Os raios das barbatanas dorsais de robalos, sargos ou douradas são dos mais terríveis para causar perfurações mínimas, prácticamente invisíveis, mas que chateiam porque vão perdendo o ar e ao fim de algum tempo o flutuador começa a "murchar".
Estas perfurações são mais fáceis de acontecer em flutuadores de PVC, visto ser um material menos resistente que o HYPALON e NEOPRENE, este sim mais díficil de furar (o que não quer dizer que não aconteça tambem)
Desta vez foi necessário tapar 3 furinhos no meu cavalo de batalha, "XÔC"
Aproveitei para documentar e fazer um pequeno guia de como reparar estes furos.
Como nota inicial, volto a referir que se tratam de pequenos furos, quase invisíveis e não de rasgos, cortes ou buracos daqueles tipo o do BES ou do BPN.
Vamos então por passos:
1º - Localizar e identificar o furo
Com o barco cheio a uma pressão normal, é necessário neste caso, desmontar todos os acessórios para ter livre acesso à área total dos flutuadores
Seguidamente, arranjamos um balde com água e sabão, ou detergente (qualquer coisa que faça espuma serve) e com a ajuda de uma esponja ou de um pincel, vamos passar água e sabão pela totalidade do barco até localizarmos
o furo.
Será qualquer coisa como isto:
O que acontece é que o ar ao sair vai criar pequenas bolhas e identificar perfeitamente o furo.
(neste caso o furo já estava identificado e marcado anteriormente)
Aqui pode ver-se o furo, aumentando muito a foto
2º - Vazar os flutuadores
A colagem que se segue tem que ser feita com os flutuadores vazios e com as valvulas abertas para qua não haja qualquer pressão de ar a sair pelo furo. Caso contrário, o ar empurraria a cola para fora e o buraco permaneceria aberto.
3º - Colar
A cola escolhida para fazer o trabalho é a CYANOL (a antiga CYANOLITE) por ser uma cola muito fluida e que se infiltra facilmente em todo o lado e cola mesmo a sério!
O prcesso em si não pode ser mais simples. Basta colocar uma única gota em cima do furo, que deve ser virado para cima, para que a cola escorra para o seu interior e esperar uns 10 minutos.
Para este tipo de furo não é necessário um remendo ou "patch", a própria cola faz o serviço.
Se fosse possível fazer um corte transversal no local da colagem e observa-la com uma lente potente, poderiamos ver algo identico ao seguinte esquema.
Depois de seca a cola, é só voltar a encher os flutuadores e montar tudo novamente.
A pressão que o ar exerce na pretuberancia da cola que fica no interior do flutuador, ajuda a tamponar mais herméticamente o furo.
Aqui está ele já remendado e lavadinho pronto para montar os acessórios e fazer-se à água para mais umas pescarias.
...É claro que tudo isto não se faz sem combustível!
Agradeço ao Marco Cruz e ao Luis Alves a ajuda prestada e a companhia nesta jornada de bricolage. O tempo assim passa mais depressa e o trabalho não chateia!
Obrigado amigos!
"à nossa!!"